Proposta da ABHAV à ANEEL busca preencher vazio deixado pela MP do Setor Elétrico no uso de energia renovável desperdiçada para produção de hidrogênio e amônia verdes.
Nesta semana, a Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes (ABHAV) enviou uma nota técnica à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), ao Ministério de Minas e Energia (MME), ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e ao Congresso Nacional, propondo a utilização produtiva da energia renovável desperdiçada por conta do curtailment — prática que limita a geração de eletricidade em momentos de excesso de oferta.
O documento, intitulado “Curtailment de Energia Renovável no Brasil: De Desperdício Sistêmico à Oportunidade para o Hidrogênio Verde”, revelou que, em 2024, 14,6 TWh de energia solar e eólica deixaram de ser gerados devido a cortes operacionais, segundo a Volt Robotic. Esse volume, suficiente para abastecer milhões de residências, representa um desperdício estratégico em um setor que poderia liderar a economia de baixo carbono.
A conselheira da ABHAV, Adriane Silva, e a diretora jurídica, Desire Tamberlini, estiveram na ANEEL e aproveitaram para defender a proposta da ABHAV que inclui a criação de zonas regulatórias-piloto em regiões com alto índice de curtailment, como o Nordeste, onde a energia cortada poderia alimentar eletrolisadores sem sobrecarregar o Sistema Interligado Nacional (SIN). A medida promete reduzir desperdícios, estabilizar a rede e acelerar a cadeia do hidrogênio verde, gerando empregos e atração de investimentos.
O posicionamento da associação chega em um momento crítico: a Medida Provisória do Setor Elétrico de 2025 ignorou o tema, e a ANEEL agora tem a chance de reposicionar o Brasil como protagonista na nova economia energética.
A ABHAV reforça a necessidade de ação coordenada entre setores para que o potencial não se perca em debates regulatórios. Enquanto aguardamos os próximos passos, uma coisa é clara: o desperdício energético é inaceitável em um país com ambições climáticas.
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